Requisitos para a prestação de cuidados em Oncologia

Posição da Fundação Portuguesa do Pulmão

Foram as equipes, lideradas pela Pneumologia, que do norte ao sul, do interior ao litoral, asseguram a continuidade dos cuidados, estabelecidos em protocolos de diagnóstico e terapêutica. A Pneumologia possui uma rede muito completa de Especialistas de Pneumologia, que com vantagem dão ampla resposta e cobertura e estas situações. A Pneumologia tem no seu programa de formação um período exclusivamente dedicado à aquisição de saber em Pneumologia Oncológica. Múltiplos centros de Pneumologia, colaboram na formação em Oncologia Torácica de internos de outras especialidades nomeadamente a Oncologia Médica.

Sempre entendemos que a multidisciplinaridade significa complementaridade e trabalho de equipa, não devendo em qualquer circunstância ser encarada como sobreposição de competências e actos médicos. A multidisciplinaridade pressupõe discussão conjunta com respeito mútuo e não exclusões e interdições abusivas de um grupo sobre outro. Nenhum interveniente no processo de diagnóstico ou tratamento deve tomar decisões em áreas para as quais não possuem competência adequada.

O Cancro do Pulmão é um tumor de alta incidência e mortalidade (segunda causa de morte por doença oncológica no sexo masculino e quarta causa de morte por doença oncológica no sexo feminino). Requer elevada experiência que se estende do diagnóstico aos cuidados paliativos passando pelo estadiamento e terapêutica. Esta equipe multidisciplinar, deve ser liderada pela Pneumologia, pois sem prejudicar a interdisciplinaridade, as principais atitudes e técnicas são da exclusiva competência e saber da pneumologia como as técnicas de diagnóstico, às técnicas terapêuticas endobrônquicas quer com intenção curativa ou paliativa, à abordagem pleural recidivante, às complicações da terapêutica, às urgências como as hemoptises ou obstrução brônquica.

A pneumologia desempenha um papel charneira no acompanhamento de todo o percurso do doente com cancro do pulmão. Pensar que a oncologia pulmonar pode ser realizada sem a colaboração da pneumologia é um erro de graves consequências para o doente.

Também ao nível da formação e investigação, sempre que possível de forma interdisciplinar, a pneumologia têm dado um enorme contributo para o avanço científico nesta área conforme se prova pelas múltiplas publicações nacionais e internacionais, pela sua participação na elaboração das normas e protocolos de actuação diagnostica e terapêutica, pela colaboração em múltiplos ensaios clínicos da iniciativa da indústria ou da iniciativa de grupos cooperativos.

Junto com outras especialidades, em multidisciplinaridade, a pneumologia têm um papel obrigatório que deve continuar a desempenhar e do qual nenhum pneumologista se deve demitir. Se o fizer incorre em má prática médica perante o doente com cancro do pulmão. Se as autoridades o demitirem e proibiram de continuar a fazer demonstram o mais profundo desconhecimento e desprezo pelas boas práticas na abordagem do doente com cancro do pulmão.

Fernando Barata
Sociedade Portuguesa de Pneumologia
Fundação Portuguesa do Pulmão


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