Tenha uma boa primavera...apesar dos pólenes.

No passado dia 20 de Março, às 16 horas, começou oficialmente a primavera. Inexoravelmente, o planeta vai cumprindo os seus ciclos em volta da nossa estrela, o sol.

Com a primavera chegam também os dias mais longos e quentes. São estes dois fatores - temperatura e o tempo de exposição solar - que desencadeiam o renascer do mundo vegetal. O mundo vegetal explode e os pólenes também.

Os pólenes, os elementos reprodutores masculinos das plantas, são grãos microscópicos que uma vez libertados, e conduzidos pelo vento e pelos insetos, as vão fecundar. Há milhares de milhões de grãos de pólenes no ar durante a primavera.

Em Portugal, existem pólenes na atmosfera durante todo o ano, porém, é entre abril e Julho que a sua concentração atinge o pico. Entre nós, os pólenes mais representativos são os das gramíneas, da erva parietária (também conhecida por alfavaca de cobra), da oliveira, do plátano (sobretudo em áreas urbanas), do pinheiro, da azinheira e das acácias. Todos eles podem provocar doença naqueles que são alérgicos.

Para os alérgicos aos pólenes a primavera é uma estação de grandes tormentos. E esses tormentos variam de acordo com os órgãos que expressam a alergia.

Olhos vermelhos, lacrimejantes e pruriginosos traduzem a reação alérgica ao nível da conjuntiva ocular. Muitas vezes o prurido atinge a pele que está exposta, expressando a alergia neste órgão, que se acompanha de lesões inflamatórias visíveis a olho nu - dermatite ou mesmo urticária.

Mas o aparelho mais afetado costuma ser o respiratório. Nariz tapado, alternando com períodos de abundante secreção, prurido e espirros, significa que o órgão de choque é a mucosa nasal. Garganta sensível com intensa comichão diz-nos que a faringe foi atingida pela reação alérgica. Quando tal acontece na laringe, surge a rouquidão ou mesmo a afonia - o doente quer falar mas o som não sai. Se continuarmos a descer no aparelho respiratório a tosse seca, contínua, incomodativa, indica-nos que a alergia está a afetar a traqueia e caso ela se manifeste na árvore brônquica surge aquela que será a mais grave expressão de uma polinose, a asma brônquica, com a sua característica tosse seca, pieira e dificuldade respiratória. Muitos doentes têm isto tudo simultaneamente.

Atualmente existem fármacos maravilhosos que nos permitem controlar de forma muito eficaz todas estas manifestações da alergia aos pólenes. Porém, como mais vale prevenir que remediar, é importante que os doentes alérgicos tenham comportamentos que minimizem o impacto dos pólenes na sua saúde.

Assim, se o leitor for um doente alérgico aos pólenes passe os períodos de maior polinização junto ao mar; aqui, devido à maior humidade há menor concentração de pólenes na atmosfera. Pelo mesmo motivo é lá que deve escolher o seu local de férias e de lazer. Areje a sua habitação nas horas com menor concentração de pólenes: antes do-nascer e após o pôr-do-sol. Certifique-se que as janelas de sua casa estão bem vedadas: janelas com frestas deixam entrar pólenes.Se puder, permaneça no interior de uma habitação durante as horas em que o vento soprar com maior intensidade - o vento faz aumentar a concentração de pólenes no ar.Nunca saia para o exterior sem óculos de proteção, de preferência escuros. Quando viajar de automóvel nunca o faça com as janelas abertas - o carro comporta-se como um concentrador de pólenes. Se viajar de motociclo use um capacete integral com a viseira fechada.Nos períodos de maior polinização evite praticar exercício físico ao ar livre, caçar ou acampar. Não brinque nos relvados e afaste-se dos que estão a ser tratados; o corte da relva origina uma intensa libertação dos pólenes. Evite ter em casa plantas polinizadora; se tal acontecer, coloque-as no exterior durante a época de polinização.

Se tiver estes cuidados a primavera será muito mais agradável. Boa primavera.

Artigo por Jaime Pina


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