Silicose


A silicose é a mais conhecida doença profissional de causa inalatória. Se é, na actualidade, uma doença pouco frequente, há algumas décadas, o número de afectados era muito grande; entre as populações de risco (mineiros, canteiros, metalúrgicos, operários da construção civil, da indústria do cimento, vidreira...) expostas a poeiras de sílica em ambientes com pouca renovação de ar e enormes concentrações de poeiras, o número de casos de doença era assustador.

As descrições destes casos serão ainda do conhecimento de muitos dos que trabalharam nessas indústrias; desse drama, são inúmeros os relatos entre os mineiros de S. Pedro da Cova, por exemplo. Vale a pena relembrar (e não deixar esquecer) essas situações.

A silicose, e outras doenças profissionais deste tipo, surgem por acumulação no interstício pulmonar de partículas inaladas e evoluindo para fibrose.

A tosse seca e o cansaço que se vai acentuando progressivamente, são os sintomas principais; a isto se juntava também a quebra do estado geral e a tosse com expectoração (quando a bronquite e a tuberculose vinham agravar o quadro inicial).

Nas radiografias, a fibrose difusa e imagens de calcificações atestam a extensão da doença. A função respiratória fica progressivamente diminuída, resultado da fibrose pulmonar que se vai instalando e explica o cansaço e sensação de falta de ar.

Este panorama negro, a que assistíamos antigamente, foi-se alterando, felizmente: em primeiro lugar, porque se foram implementando medidas de prevenção, com redução grande da exposição a essas poeiras, com protecção individual dos trabalhadores e com melhor controlo ambiental; estas medidas têm que continuar a ser ampliadas, para evitar o mais possível novos casos de silicose. Por outro lado, temos a possibilidade de tratar mais eficazmente estes doentes, mas, em muitos casos sem conseguir resolver completamente a doença. Estes doentes, para além de serem tratados, devem ter os seus casos reportados, para que possam  receber uma compensação por doença profissional.

Remediar, nestes casos, é difícil, e sempre insuficiente; prevenir, é essencial.


Artigo publicado em "A voz dos reformados" setembro/outubro de 2019
por Dr. José Miguel Carvalho


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