Paracetamol - atenção!

O paracetamol é um medicamento de uso corrente, e que é importante saber usar, mesmo em situações de automedicação. É uma substância que começa a ser utilizada a partir de 1955, após os estudos de Julius Axelrod, com o nome comercial mais popularizado de Tylenol (USA), Panadol (UK), Doliprane (França) e que conhecemos como Ben-u-ron.

A sua acção antipirética (controle da febre) e analgésica (alívio da dor), e a sua segurança, tornaram o paracetamol um medicamento muitísimo utilizado em todo o mundo e sendo mesmo de venda livre, permitindo a automedicação em muitas situações. Hoje em dia, sabemos que, surgindo febre, se deve tomar o paracetamol, nas doses indicadas e, quer em adultos, quer em crianças, o seu uso permite controlar muitos dos quadros febris que surgem nas doenças virais; claro que, havendo persistência dos sintomas, se deve consultar os serviços de saúde para orientar o tratamento da doença. Também no alívio da dor, o paracetamol é uma das abordagens iniciais. Embora haja outras armas terapêuticas para o controle da febre e da dor, o paracetamol é largamente conhecido e utilizado, dada a sua segurança. Mesmo em situações em que se tem que recorrer à medicação repetidamente ao longo do tempo, o paracetamol é relativamente seguro.

Mas, tanta segurança tem um senão, que é importante relembrar: todos sabemos que os medicamentos têm que ser usados nas doses correctas e não em doses exageradas! Mas actualmente o paracetamol entra na composição de muitos medicamentos, para as dores e febre (constipações, congestão nasal, dores de cabeça, enxaquecas, dores musculares...): cerca de 60 formulações comerciais, entre genéricos e marcas próprias.

E se a dose diária pode ser de 1g de 8 em 8 horas (3g por dia), ultrapassar essa dose é perigoso e pode conduzir a falência aguda do fígado (quadro grave, com náuseas e vómitos, mal-estar, confusão mental, dores abdominais, tremores, icterícia). A toma pontual de uma dose excessiva, ou a toma de doses elevadas ao longo de vários dias, que nestes casos de confusão de medicamentos pode ocorrer, leva a muitos casos de intoxicação medicamentosa e a consequentes internamentos.

Para além das confusões com a medicação que frequentemente acontecem ao se usar genéricos e (iguais) medicamentos de marca, pode-se associar a toma de mais do que um medicamento com paracetamol e exceder perigosamente a dose diária segura. Em indivíduos que estão polimedicados e/ou com consumo de álcool o risco de complicações pode ainda ser maior.

Com todos os medicamentos devemos ter atenção à sua composição; na dúvida, esclarecer nos serviços de saúde ou na farmácia e não correr riscos!


Artigo publicado em "A voz dos reformados" maio/junho 2023
por Dr. José Miguel Carvalho


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