Impactos dos incêndios florestais na saúde respiratória

Portugal é o País da Europa com maior percentagem de mata ardida. Este ano, tal como aconteceu em 2003 e 2005, fomos fortemente penalizados pelos incêndios florestais. Estes incêndios são acontecimentos com graves impactos para o meio ambiente e para a saúde respiratória das populações: degradam a fauna, a flora e os solos; são fortemente poluentes, enviando para a atmosfera milhões de toneladas de gases com efeito de estufa; têm um marcado efeito nefasto sobre a saúde das populações, sobretudo todos aqueles que integram os seguintes grupos vulneráveis: crianças, idosos, doentes cardiovasculares, todos aqueles que sofrem de doenças respiratórias e os que, no terreno os combatem. Os seus efeitos sobre a saúde respiratória das populações são muito penalizadores, sendo causa de processos inflamatórios de toda a via aérea (faringe, laringe, traqueia e brônquios), de infeções brônquicas e pulmonares e descompensação de doenças respiratórias pré-existentes (asma, bronquiectasias, DPOC e outras). Especialmente vulneráveis são os doentes com insuficiência respiratória crónica. Assim, todos aqueles que respiram o ar poluído dos incêndios florestais, rico em óxidos de azoto, compostos orgânicos voláteis e partículas respiráveis - mas sobretudo aqueles que sofrem de doenças respiratórias, devem tomar as seguintes atitudes preventivas:

  • Se puder abandone a área onde se está a desenvolver o incêndio.
  • Evite a inalação de fumo recorrendo a equipamento de proteção respiratória - máscara. Se não tiver uma máscara use o que tiver à mão, por exemplo um lenço humedecido! No entanto tenha a noção que as máscaras usadas para proteger do pó, não são eficazes para proteger os seus pulmões dos gases e de muitas das partículas finas do fumo.
  • Permaneça o mais perto possível do solo onde o calor e o fumo são menos intensos.
  • Não deixe o fumo entrar na sua habitação. Feche as janelas, calafete as frinchas e só a ventile após o problema estar resolvido.
  • Evite permanecer ao ar livre, reduza a sua atividade física e beba líquidos.
  • Se permanecer em casa não fume, não manipule outros produtos tóxicos, tais como tintas, vernizes, detergentes ou desinfetantes. Não acenda velas nem qualquer aparelho que funcione a gás ou lenhas de modo a manter o nível de oxigénio dentro de casa o mais elevado possível. Evite tudo o que contribua para aumentar a poluição dentro de casa.
  • Se em sua casa tiver sistemas de purificação do ar deve utilizá-los. Se tem ar condicionado deve colocar a opção de recirculação de ar, evitando deste modo que o ar exterior entre dentro de casa, tendo o cuidado de verificar se os filtros estão limpos.
  • Se tem de atravessar de carro uma zona com fumo, mantenha as janelas e os ventiladores fechados; se o carro tiver ar condicionado, ligue-o em modo de recirculação de ar, de modo a evitar que o ar exterior entre na viatura.
  • Se estiver sob tratamento respiratório, cumpra rigorosamente o esquema que lhe foi proposto pelo seu médico, sem esquecer a eventual medicação SOS.
  • Se for um doente insuficiente respiratório crónico sob tratamento com oxigénio, é altura de o fazer de acordo com as instruções que lhe foram dadas pelo seu médico.
  • Se a sua situação clínica se deteriorar, peça aos competentes serviços a sua evacuação para um hospital.

Artigo por Jaime Pina em Voz de Alpiarça, Agosto de 2017


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