Erros de Medicação

Quase todos os anos aparecem alertas para os erros de medicação que podem provocar um número elevado de mortos, como por exemplo a Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares que, em 2008 alertava para o facto de a administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados ser responsável pela morte anual de 7000 pessoas. De referir que estes números foram nessa altura postos em causa pela Ordem dos Médicos, considerando que não havia um registo nacional fiável destas causas de morte. Por sua vez a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu lançar este ano (2017), um programa a implementar nos próximos 5 anos a nível global, e cujo objectivo é diminuir em cerca de 50% as consequências grave e evitáveis que estão associadas aos erros de medicação, e que provocam pelo menos a morte de uma pessoa por dia. Este desafio da OMS assenta em quatro áreas a desenvolver: pacientes e público; profissionais de saúde; medicamentos como produtos; e sistemas e práticas de medicação. Considera ainda a OMS que os erros mais comuns se encontram na prescrição, dispensa, preparação, administração ou consumo da medicação errada ou a dose errada, no momento errado. Algumas vezes estas falhas são causadas pelo "cansaço do médico, excesso de trabalho, falta de pessoal, má formação e informação errada dada aos pacientes, para além de outras razões".

Agência Europeia do Medicamento

Por sua vez a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) criada em 1995, é um organismo descentralizado da União Europeia com sede em Londres, sendo a sua principal função a protecção e a promoção da saúde pública e animal através da avaliação e supervisão dos medicamentos para uso humano e veterinário. Para além da aprovação de todos os medicamentos, e da promoção da inovação e investigação na indústria farmacêutica, estuda a segurança dos medicamentos através de uma rede de farmacovigilância, tomando medidas adequadas quando são detectadas alterações do equilíbrio risco-beneficio do medicamento. De notar que, dada a importância desta agência (EMA) e dada a situação criada pelo "Brexit", levou o Primeiro Ministro António Costa a entregar esta semana a candidatura de Lisboa para a nova sede da EMA, garantindo que Portugal reúne condições técnicas e científicas para acolher esta agência. De uma forma geral podemos dizer que todos os profissionais da saúde estão envolvidos no fornecimento de medicamentos: o médico porque receita, o farmacêutico porque o elabora e dispensa, e o enfermeiro porque administra o medicamento, não esquecendo que o doente também pode estar envolvido por abuso indevido da medicação, ou por não cumprimento das doses que lhe foram receitadas. Estamos perante um problema em que o erro humano é possível, mas constatamos que a comunidade internacional e os profissionais da saúde estão atentos, contribuindo de forma positiva para diminuir o impacto dos erros da medicação.

Artigo por João Rui Gaspar de Almeida - Presidente da Delegação de Coimbra da Fundação Portuguesa do Pulmão.
Diário de Coimbra, 10 de Maio de 2017


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