Cuidado! Dormir mal pode ser perigoso

Nos anos mais recentes têm sido notáveis os conhecimentos adquiridos acerca do sono. Ficámos a saber, por exemplo, que o sono está relacionado com o ritmo circadiano do dia e da noite - o sono noturno é mais reparador que o diurno - e que ele é modulado por duas hormonas: o cortisol que nos ajuda a despertar e a melatonina que nos ajuda a adormecer.

O Estudo Poligráfico do Sono Noturno, hoje em dia um exame diagnóstico rotineiro, permitiu passar a detetar muitos distúrbios do sono e, entre eles adquire cada vez maior importância a Síndroma da Apneia Obstrutiva do Sono, doença caracterizada por paragens da respiração durante o sono (apneias geralmente associadas a roncopatia) ressonar. É causada pelo colapso e obstrução das vias aéreas superiores que impede a passagem do ar.

A maioria dos doentes não se apercebe do problema. Porém, alguns sintomas devem fazer levantar a suspeita: despertares recorrentes durante o sono, episódios de sensação de asfixia noturna, sonolência e fadiga diurnas, e diminuição da concentração.

As apneias noturnas originam um leque variado de alterações que ultrapassam a esfera respiratória, sendo a deficiente oxigenação do sangue o elemento fulcral, com reflexos em todo o organismo, desde o défice de memória até à impotência sexual. A hipersonolência diurna afeta a vida social, familiar e profissional, para além de estar na origem de múltiplos acidentes de viação - estes doentes têm, em média, sete vezes mais acidentes de viação.

Contudo, as repercussões mais graves fazem-se sentir ao nível do aparelho cardiovascular: hipertensão arterial, doença coronária e arritmias, que podem levar a acidentes isquémicos, por vezes fatais. Estes doentes têm maior probabilidade de morte súbita durante o sono.

Sendo uma doença com elevado potencial de gravidade o que fazer para a evitar?

A primeira medida deve ser dirigida à sua principal causa - o excesso de peso e a obesidade. A perda de peso, associada à evicção do álcool e dos sedativos, é a primeira medida a implementar. Dormir de lado e com a cabeceira elevada são medidas simples, muito úteis, sobretudo nos casos menos graves.

Porém, quando o problema se torna mais grave o tratamento é feito através de um pequeno ventilador (CPAP) que, através de uma máscara facial introduz nas vias aéreas, ar sob pressão, impedindo assim o seu colapso. As apneias diminuem ou desaparecem, o sono torna-se mais eficaz, reduz-se a sonolência diurna, melhoram a memória, o humor, a performance na condução de veículos e os parâmetros cardiovasculares.

Sendo eficaz, o tratamento com o CPAP é muitas vezes interrompido pelo doente, devido a fatores, tais como a baixa motivação, inadaptação ao aparelho, ou intolerância aos seus efeitos adversos, por vezes, incomodativos: obstrução, secura, hipersecreção ou hemorragia nasais, inflamação dos olhos, ou lesões cutâneas provocadas pela máscara. Muitos destes efeitos têm solução fácil, não justificando, pois, a interrupção do tratamento.

A Apneia do Sono é um problema de saúde em crescendo. O seu potencial de perigo é elevado. Assim, se tiver suspeita fale com o seu médico. Se for obeso comece desde já a pensar em perder peso.

Artigo por Jaime Pina


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