Cancro do pulmão - Rastrear?

Cancro do pulmão - Rastrear?

As estatísticas mostram que os cancros são um enorme problema de saúde a nível mundial: 20 milhões de casos e quase 10 milhões de mortes; cerca de uma em cada cinco pessoas, desenvolverão uma forma de cancro ao longo das suas vidas.

Em todos os cancros, o diagnóstico atempado é ?meio caminho andado? para que o prognóstico seja bom e, por exemplo, no cancro da mama o rastreio é uma medida eficaz.

O cancro do pulmão aparece como 6ª causa mais frequente de mortalidade, 1,8 milhões de óbitos anuais, depois das doenças cardiovasculares, AVCs, DPOC, infecções pulmonares e demências.

O diagnóstico é, muitas vezes, tardio, pois que a sintomatologia de alerta demora a aparecer; nos casos em que a detecção do cancro do pulmão se faz com a doença localizada, a possibilidade de tratamento cirúrgico e erradicação são possíveis. Todos os outros casos, apesar de maior eficácia dos tratamentos nos últimos anos, têm prognósticos muito mais reservados.

O diagnóstico precoce é um objectivo de muitos trabalhos de investigação, no entanto, as acções de rastreio ainda não são consensuais; aliado a isso, e aos custos desse tipo de rastreio, apenas há alguns exemplos localizados.

Rastrear para a detecção precoce do cancro do pulmão, deveria ser feito no grupo de risco acrescido: os homens e mulheres com 50 a 80 anos, grandes fumadores. O exame para esse rastreio é a tomografia computorizada de baixa dosagem, efectuada periodicamente. Os estudos já realizados mostram que se poderia reduzir parcialmente o risco de mortalidade. No entanto, o rastreio conduz também a um número significativo de falsos positivos (levando à realização de outros exames, algumas complicações e ao stress psíquico que essas situações acarretam) e também ao risco decorrente de uma exposição aumentada a radiação.

Desde já, o que podemos fazer para prevenir os riscos do cancro do pulmão, se formos fumadores, é deixar de fumar! 

Os sintomas são diversos, e comuns a outras doenças respiratórias, mas não é demais referir que a tosse, com ou sem expectoração, a dor torácica, as alterações do estado geral, são motivos para consultar o médico que orientará a marcha do diagnóstico.

José Miguel Carvalho 

Artigo publicado em "A voz dos reformados" maio/junho 2024
por Dr. José Miguel Carvalho


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