Pneumonia é a segunda causa de morte em Portugal

Com um óbito a cada 93 minutos, a pneumonia é a segunda causa de morte em Portugal, depois da doença isquémica do coração. Responde por 5,1% da mortalidade, com 93% dos óbitos a ocorrem em pessoas com mais de 70 anos. O que leva os pneumologistas a exortarem o Governo a estender a gratuitidade da vacina antipneumocócica a todos os portadores de doenças respiratórias crónicas e a todas as pessoas com mais de 65 anos de idade.

O pedido surge na voz da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), na véspera do Dia Mundial da Pneumonia, que se assinala amanhã. Ao JN, o seu presidente, José Alves, explica que apesar da esperança média de vida ser muito alta no nosso país, "começamos a ter doenças muito mais cedo". E são precisamente "essas comorbilidades que justificara a necessidade da vacina", frisa.

Uma das bandeiras da Fundação é reescrever o sistema de vacinação", diz o pneumologista, confiante de que o "Estado português, seja lá qual for o Governo, venha a fazer isso [introduzir a vacina pneumocócica no Plano Nacional de Vacinação], é uma questão de tempo e de dinheiro". Tanto mais que são "mortes evitáveis fazendo a vacinação".

ELEVADA MORTALIDADE

Os mais recentes dados (2017) disponibilizados pela Dashboard da Mortalidade, lançada nesta semana pela Direção Geral da Saúde (DGS), colocam a pneumonia em 2.° lugar no que às causas de morte concerne. Numa leitura europeia, Portugal continuava a ser o país da União onde mais se morria, em 2016, por pneumonia, com uma taxa de 55,16 por cada 100 mil habitantes.

Uma taxa elevada que o presidente da FPP justificada com a forma como é registado o óbito. Porque no nosso país "não estamos a valorizar a pneumonia como evento final, mas como causa de morte". Dito de outra forma, se nos outros países um doente com cancro do pulmão morre com pneumonia, a causa de morte seria o cancro, enquanto em Portugal seria a pneumonia.

O que não invalida que "seja uma grande causa de morte", diz José Alves, apesar dos "anos de vida perdidos serem menores". Em 2017, contabilizavam¬-se em 11,3 os anos potenciais de vida perdidos, sendo a idade média à morte de 83,7 anos.

Outro problema é, também, a rede de espirometria, exame "que deve ser tão frequente quanto a medição da tensão arterial". Só que, seguindo os parâmetros da DGS, segundo os quais uma espirometria bem feita demora 30/35 minutos, "seriam precisos 80 anos" para avaliar a população. Pelo que é preciso mudar um pouco as regras.

 Artigo em Jornal de Notícias 11 de novembro de 2019

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