A actual pandemia resulta da disseminação mundial pelo novo
coronavírus SARS-Cov2 que causa a doença designada COVID-19.
O grande problema que enfrentamos é consequência da
inexistência de imunidade específica para o vírus na nossa população, assim
como, da ausência de uma vacina específica para este vírus.
O melhor tratamento para esta doença será a sua prevenção
através de uma vacina, que ainda não está disponível, e que permitirá a
imunidade e defesa contra a transmissão viral por indivíduos doentes.
Neste momento, e na ausência desta vacina, a principal
medida que pode reduzir o contágio pelo vírus é o isolamento em casa, com o
agregado familiar reduzido ao mínimo, separado e sem contactos com os outros
familiares, nomeadamente os avós que são mais susceptíveis.
Quando as saídas de casa são necessárias (compra de
alimentos ou medicamentos), sempre reduzidas ao mínimo possível, deverá
adoptar-se o distanciamento social (separação entre pessoas de mais de 2 metros),
o uso de máscara cirúrgica ou alternativa em tecido que cubra a boca e nariz,
medida que reduz a transmissão e a inalação de gotículas e aerossóis
contaminados. Após este contacto deve efectuar-se a lavagem de mãos. Esta
lavagem deve ser frequente e sempre que se manipulem bens adquiridos no
exterior.
Estas duas medidas, isolamento em casa e distanciamento
social, são as únicas que podem evitar ou reduzir o contágio pelo vírus.
A taxa média de transmissão por cada doente infectado pelo
vírus tem sido em Portugal entre 1,5 a 2 pessoas contagiadas, que é um valor
superior ao que acontece com a gripe. Só quando esta taxa se reduzir para um
valor inferior a 1 é que poderemos dizer que a situação está controlada, embora
não resolvida.
A outra grande medida que pode reduzir o impacto e gravidade
da doença reside na estabilidade e manutenção do tratamento regular para
doenças crónicas, sejam respiratórias como a Asma e DPOC, seja a hipertensão,
diabetes ou doença cardíaca. Se estas doenças não estiverem controladas o risco
de gravidade e mortalidade é muito elevado. Não podemos esquecer que a
exposição ao tabaco (fumadores activos) é também factor de risco de gravidade.
Os sintomas principais desta infecção são febre alta, tosse
frequente e com pouca expectoração, mau estar geral e dores musculares, em tudo
similares às vulgares constipações e estados gripais consequentes a outros
vírus respiratórios. Os doentes com doença respiratória crónica devem estar
alerta para a modificação das características dos seus sintomas habituais,
tosse e expectoração e falta de ar.
A presença de sensação de falta de ar ou dificuldade em
respirar pode também surgir e é sinal de gravidade da doença.
Os principais sintomas referidos têm sido os mais frequentes
em Portugal e em cerca de 85% a 90% dos nossos doentes a gravidade da doença é
ligeira, pelo que o tratamento é apenas sintomático.
Nestes casos, o tratamento passa pelo isolamento obrigatório
em casa e medicamentos de alívio sintomático que usamos para outros estados
gripais, como analgésicos e antipiréticos (paracetamol), descongestionantes
nasais (anti-histamínicos). A utilização de anti-inflamatórios como o
ibuprofeno tem sido questionada, pelo que só deve ser utlizada sob indicação
médica. Nos casos de sobreinfecção bacteriana estará indicada antibioterapia,
sempre sob orientação médica.
Nos casos mais graves, em menos de 10% das situações, com
dificuldade respiratória ou evolução acelerada e grave dos sintomas e febre
muito alta, está recomendado o internamento. A manutenção de níveis de
oxigenação é primordial assim como a estabilização de doença crónica
pré-existente.
Quando o quadro clínico for muito grave e em que se coloque
a necessidade de ventilação mecânica invasiva, o doente será tratado em
Cuidados intensivos. Esta situação tem acontecido em cerca de 20% dos doentes
internados, e é nestas situações que se verifica uma alta taxa de mortalidade
nomeadamente em doentes com mais de 70 anos.
Como referido não existe ainda uma intervenção que previna a
infecção, isto é, ainda não dispomos da tão necessária vacina.
Uma vez instalada a infecção, esta deve ser confirmada pelo
teste de zaragatoa que detecta a multiplicação viral no organismo. O teste
rápido serológico, que detecta a existência de anticorpos contra o vírus, não
substitui o teste que detecta o vírus.
Não existe também nenhum tratamento antiviral específico
para este vírus.
Até ao momento todos os estudos realizados com outros
fármacos já utilizados para outros vírus não foram conclusivos da sua eficácia
nesta doença (associação de lopinavir/ritonavir ou remdesivir).
Outros fármacos que poderão ter um efeito de redução da ligação
do vírus às células receptoras do organismo também ainda não mostraram eficácia
(antimaláricos como a hidroxicloroquina, antiparasitários como a ivermectina,
interferon beta).
Outras medidas que potencialmente podem aumentar as defessas
imunológicas também ainda não demonstraram eficácia comprovada (vacina BCG,
administração de soro de doentes convalescentes).
Como conclusão, só a existência de uma vacina e de um
tratamento antiviral específico permitirá encarar esta doença de outra forma.
Até lá, as medidas de isolamento e distanciamento social são
as únicas que permitem reduzir o número total de casos, e consequentemente o
número de casos graves e fatais.